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VOCÊ SABIA...que, no dia 12 de janeiro de 1962, foi  criado o “Núcleo Colonial Guatapará” (MOMBUCA) pela empresa JAMIC- Imigração e Colonização Ltda.? Evocando os fatos, em 1908 chegou no Porto de Santos o navio “Kasatu Maru”, trazendo 781 imigrantes japoneses, sendo que 240 deles vieram para esta região. Além de ter acolhido a maior parte das famílias, no decorrer do tempo, somente a Fazenda Guatapará recebeu ao todo 1.624 imigrantes japoneses entre 1908 até 1923. Como outros nacionais  que vieram para o estado de São Paulo, apesar da grande capacidade de trabalho e habilidades, os nipônicos trabalharam como colonos, sem acesso à terra. Houve exploração, saídas do campo para a cidade e mesmo retorno à terra do Sol Nascente. Tal situação provocou reações no Japão e houve iniciativas públicas e privadas para possibilitar que seus conacionais emigrassem. mas para trabalhar em sua própria terra. Para tanto, foram criados  núcleos coloniais, a maior parte pela iniciativa privada, com altos e baixos, culminando com a cessação da vinda em razão da Segunda Grande Guerra, dada a participação dos japoneses no Eixo.  Após o término da guerra e com o reerguimento econômico, no Japão, o Governo passou a incentivar a emigração e, para tanto, foi fundada a empresa Promotora da Emigração para o Ultramar S/A, em 27/09/1955 (Lei N.º 139 de 05/08/1955) com o objetivo de adquirir terras no Exterior, construir uma colônia e fazer a partilha das terras entre os imigrantes. Para que o objetivo fosse atingido,  foi utilizado o empréstimo concedido por um banco norte-americano. Aqui no Brasil, a responsável pela construção das colônias e pela liderança na administração das propriedades foi a empresa JAMIC (Colonização e Imigração Japonesa Ltd.ª). Assim, o fluxo foi restabelecido, desde que para lavrar sua própria terra.  E, assim, dentre outros, foi criado, pela JAMIC, em 12/01/1962, o “Núcleo Colonial Guatapará”, com a colaboração, na administração financeira da Zentak (atual Jatak), contando ainda com o suporte técnico e financeiro da Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC) e de sete províncias (Yamagata, Ibaraki, Nagano, Okayama, Shimane, Yamaguti e Saga). As terras, foram sendo adquiridas a partir da aquisição junto o casal Renato Morganti e Lucina Torchi Morganti, perfazendo 7,2 mil hectares. Consta que, antes que as terras da Colônia Guatapará fossem compradas pela Confederação Nacional de Agricultura e Colonização (“Zentakuren”), subordinada ao Ministério da Agricultura, com o dinheiro oferecido por aquelas sete províncias, o solo já havia sido submetido a um tratamento prévio, feito por técnicos japoneses, sem que fosse atingido o esperado. E do Japão vieram as primeiras 12 famílias provenientes dessas províncias. Em 1985, cerca de 693 pessoas em 130 famílias, igualmente procedentes das citadas províncias habitavam o Núcleo Colonial Guatapará. Durante 20 anos, a JAMIC e a JEMIS - Assistência Financeira S/A administraram o Núcleo em seus aspectos material, financeiro, educacional e sanitário. Durante este período foram executadas várias obras e benfeitorias tais como: diques, canais de irrigação, canais de drenagem, estação de bombeamento para irrigação, etc. Até 1968 cada família de colono possuía um lote de 12,5 hectares, posteriormente os lotes passaram a variar de forma e tamanho, sendo que em média cada família passou a possuir 28 hectares. Até esta data as principais atividades econômicas desenvolvidas no Núcleo eram: cultivo de arroz, milho e soja; avicultura; sericicultura (criação do bicho-da-seda) e hortifruticultura.  Em 1984 o INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária emitiu a declaração de emancipação do Núcleo, processo este finalizado em 02 de fevereiro de 1985, data da definitiva emancipação administrativa do Núcleo Colonial Guatapará, que veio a tornar-se Distrito de Guatapará, cuja sede dista 07 quilómetros. Nos primeiros anos, dada a pouca terra e o tipo de cultura, de natureza extensiva, os resultados não foram os esperados. Com o tempo,  a situação melhorou, muito em função da produção de ovos e da criação de bichos da seda - hoje extinta, pela plantação, além do arroz e feijão, de plantas raras, como a raiz da Flor de Lótus (Renkon) – símbolo de pureza espiritual para o budismo –, de grande consumo e valor comercial.  A Flor de lótus somente cresce em terras muito úmidas raiz, Para os japoneses, comer a raiz de lótus é como comer chuchu ou batata, É muito indicado também para quem tem problema respiratório. Outras culturas tipicamente japonesas igualmente são produzidas, como o shimeji, o aroz moti, o alho negro, cogumelo medicinal. O destaque vai para a avicultura, com a produção de ovos, que se solidificou, tornando a principal atividade econômica da colônia. Para incentivar a vida social, os japoneses locais resolveram fundar a Associação Agro Cultural e Esportiva de Guatapará com a construção de um kaikan (clube) para realizarem seus eventos de confraternização, principalmente a “Festa da Colheita”, realizada em julho, ocasião em que há as apresentações de shamisen (instrumento de corda), shakuhachi (flauta de bambu) e minyô com cantores de karaokê (gênero de música folclórico), grupos de taikô (tambores) e buyô (dança) e atrações vinculadas à cultura, arte e culinária japonesa. Os locais continuam a manter um jeito próprio de viver através da agricultura, da avicultura, do japonês fluente nas conversas, do beisebol jogado aos domingos e do sincretismo entre budismo, xintoísmo e catolicismo.


VEJA VÍDEO SOBRE O DISTRITO DE MOMBUCA

https://www.youtube.com/watch?v=W0GshQq5Sic&t=123s

FESTA DA COLHEITA EM MOMBUCA

https://www.youtube.com/watch?v=yWKgw3IP21I