VOCÊ SABIA...que, no dia 04 de abril de 1890, foi inaugurada a estação da Fazenda Dumont da ESTRADA DE FERRO DUMONT, empreendida pela CIA. MOGIANA? Todavia, meses depois, em 21 de novembro, a CIA. MOGIANA vendeu esse ramal para o cafeicultor HENRIQUE DUMONT. Com efeito, o RAMAL DUMONT era um daqueles conhecidos por "Cata-café". Além de cargas, transportava passageiros. Tinha bitola de 60 cm, saía da estação situada na rua Augusto Severo, Vila Tibério, próximo à estação da Mogiana, percorria o que são, hoje, a Avenida do Café e a Rodovia SP-291 - "Mário Donegá" (Ribeirão-Dumont) e chegava à Cia. Agrícola Fazenda Dumont, de propriedade de Henrique Dumont (pai de Alberto Santos Dumont). O tronco da ferrovia tinha 24 km. Com outros quatro sub-ramais, atingindo seções da fazenda, o total da ferrovia era de 54 km. Do km 16, da linha tronco, saía a derivação da seção Fazenda Penteado, com 4 km. Do km 19, outra derivação seguia até a colônia Guerra, com 3 km. No km 23,700, saía ainda uma outra derivação até a colônia Algodoal, com 10 km; do mesmo lugar, saía outra derivação até a colônia Moreira, com ainda outra para Olarias, com uma quilometragem total de 13 km. De lembrar que que, além dessas seções, a Fazenda Dumont compreendia aquelas da Albertina, Formiga, Formiguinha, Paineiras, Cascavel, Patí e Água Vermelha. Conta-se que, nessa época, na idade de 16/17 anos, Alberto Santos Dumont (*20/07/1873) dirigia as máquinas e acompanhava a manutenção dos equipamentos, o que o habilitou, tecnicamente, para os experimentos e os voos que alçou na aviação. Menos de dois anos após passar a operar a ferrovia, em 1891, o cafeicultor Henrique Dumont sofreu um acidente (queda de charrete), que o tornou hemiplégico e o levou, desanimado, a vender a fazenda para a Cia. Melhoramentos do Brasil, com sede no Rio de Janeiro, e que tinha como sócios os capitalistas Paulo de Frontin, Rocha Miranda e outros. Estes, por sua vez, venderam a propriedade, em 1894, para os ingleses (da Cambuhy, de Matão, e da S.Paulo Coffee Company, de São Simão), que constituíram a “Dumont Coffee Company”, que teve como sua representada a Cia. Agrícola Fazenda Dumont, conservando o nome que já tinha tradição no mercado. Ainda a respeito da EF Dumont, em 1912, cafeicultores e os próprios ingleses, descontentes com os serviços prestados pela Cia. Mogiana, no transporte de café de Ribeirão Preto até o Porto de Santos (falta de armazenamento e material rodante) pressionaram a Câmara Municipal de Ribeirão Preto a autorizar a sua extensão, da "Estação Dumont" até a estação "Guarani" (Guatapará), da Cia. Paulista de Estradas de Ferro, sempre mais eficiente. A Câmara autorizou. Todavia, em face da veemente reação da Cia. Mogiana, o Secretário da Agricultura do estado de São Paulo declarou nula a decisão da Câmara, por incompetência absoluta de legislar na matéria. Com a depressão decorrente da crise de 1929, houve a dissolução e liquidação, em 1941, da Cia. Agrícola Dumont. Com essa decisão, foi firmado contrato de prestação de serviços com a CAIC – Cia. de Agricultura Imigração e Colonização, para a venda das glebas, casas e dos equipamentos agrícolas e ferroviários. A ferrovia havia encerrado as suas atividades em 23/06/1940 e fora extinta pelo Decreto n.11.039, assinado pelo Interventor Federal Adhemar de Barros. Em poucos anos a fazenda, loteada, se transformou numa pequena povoação, habitada, principalmente, por membros das famílias que ali chegaram como colonos e que, com o parcelamento, tornaram-se proprietários. Tornou-se o lugar Distrito de Ribeirão Preto, emancipando-se como município em 1953. Hoje, daquele período, restam a casa da fazenda (Prefeitura Municipal) e mais algumas casas, espalhadas pela cidade, principalmente em sua parte baixa. A estação de Dumont ficava junto com as casas dos funcionários e do telégrafo, na fazenda Dumont. Hoje este conjunto fica a cerca de um quarteirão da praça central da cidade, e numa das casas funciona o Cartório de Registro Civil. A plataforma de embarque e sua cobertura, que ficavam ao longo das casas, já não mais existem. Pelo menos três de suas locomotivas (eram 4) foram vendidas à E. F. Perus-Pirapora, em 1943. Duas ainda existem, embora sucateadas nos pátios de Cajamar, SP. São elas da Baldwin americana, 2-6-0 e 2-6-0T, uma de 1891 e outra de 1901. A terceira - uma Baldwin americana, 2-6-0, de 1895 - está exposta na praça principal da cidade de Dumont e em condições precárias de conservação e também trabalhou na EFPP. A quarta locomotiva desapareceu há tempos e não se sabe de seu paradeiro. (texto elaborado por informações de Olímpio Negri e também outras colhidas por Ralph M. Giesbrecht)
SOBRE A ESTRADA DE FERRO DUMONT VEJA O LINK:
http://www.estacoesferroviarias.com.br/ferroviaspart_sul/efdumont.htm